Trabalho cansado do Doutor Amado



Com a dependência que se vive
não há dia que não se sacrifique

De instante a instantes de mão estendida

Antes que servir à mesa, que é vida perdida

Que vergonha de laborar não vem remediar
Doutor que não verga não tem comida na panela 

Antes a humildade do cu do Santo Beijar
Que trabalhar com vigor faz suar

À mesa servido por pobre iludido

Rapa travessa, seca adega

Todo o trabalho é honrado, 
até o que é alcançado com um abraço 

Só não trabalha a quem as costas dói
de repetida vénia para o cu do Santo Beijar

O pobre não se queixa
que nem tempo tem para o Santo cumprimentar

Trabalho cansado
Do Doutor Amado
Que todos os dias vai rezar
Ao Santo que está no altar

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