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A mostrar mensagens de fevereiro, 2024

Abril tem que ser todo o ano

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Ilustração: Marta Nunes Não! Determinantemente recuso que Abril, em Portugal, seja só em Abril que Abril, agora em Fevereiro, comece em Março que Abril seja comemorado a 25 de Abril   Não! Determinantemente recuso que 50 anos sejam só um número para envelhecer que ainda haja militantes em clandestinidade que o poder não seja do Povo que a Governação silencie com esmola quem quer ter pão para comer   Sim! Determinantemente aceito que seja proclamado por quem Governa liberdade para viver que cada oportunidade seja para todo o Povo que habitação devida seja para Todos que a solidariedade seja identidade Sim! Determinantemente aceito que cada palavra, dança, pintura e música seja alento do Povo para criar que o trabalho seja para viver e não matar que Abril seja todos os dias, de cravo na lapela, no cano de uma arma que Abril seja sempre .

Mondego, Mondego encontrei um amigo

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Foto: M. Poderia ser meu amigo que passeasse comigo Preferiu dar um tiro atirar comigo ao rio Escolheu fazer caminho sozinho com seu ar convencido A vitória não lhe escapa mas a glória é nenhuma Mondego, Mondego para onde vais? leva-me agora contigo Já não tenho meus pais e perdi para a luta um amigo Não sou pobre, não sou rico não tenho uma burra nem um penico mas tenho a força para continuar a lutar e mais amigos para abraçar Se são muitos, se são poucos a mim não me interessa nem tão pouco se são loucos para estarmos sentados à conversa Mondego, Mondego para onde vais? leva-me agora contigo Afasta-me destes punhais que na próxima terra tenho um amigo Nem sempre, nem nunca, nem sozinho seja punhal ou arma de tiro que essa força de traição consiga abalar a minha convicção Um amigo, um abraço, um copo de vinho Mondego, Mondego já cheguei e tanto amigo nesta terra encontrei Não volto a caminhar sozinho

A Vida num Banco de Jardim©

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©Nuno Laginhas Num banco de jardim enquanto o frio ainda estava no hemisfério sul fui habitando paredes caiadas, outras pintadas outras de pedra e musgo o tecto de dois tons, azul céu de manhã azul escuro pintalgado de luz pela noitinha e fui morando numa rua de tantos vizinhos diga-se de passagem, sisudos sempre apressados para o trabalho para o jantar, com algum familiar ou um convívio mais animado ao meu jantar estou sempre acompanhado são convidados vestidos de verde e castanho às vezes solto um sorriso, parece Carnaval, um baile de máscaras mas cada um alimenta-se do que tem com nutrientes dissolvidos em copo com água eu, com o que sobra da refeição anterior e deito-me, deixo-me embalar nos ritmos compassados da percussão que vai passando de manhã desperto com música assobiada alegre, mais um dia para estar é o meu banco de jardim umas vezes sozinho outras acompanhado de quem vai até outro lugar, à procura de um jardim

Pardal

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Foto de Tobias Roth na Unsplash Cui Cui Cui pardal tanto pipilar que fazes pardal e esse serpentear entre ramos juntas-te a outros e são um coro, cui cui cui todos os pardais ramo acima, ramo abaixo mudais de árvore e até dos beirais não é debaixo de telha onde tem o vosso recanto? Que belo bando o teu pardal mas tão afoitos no chilrear  cui cui cui vão acasalar? Bem me queria parecer estão a combinar como fazer a saltitar no chão até encontrar para cada um uma migalha antes que venha o pomo temerário crruu crruu crruu pombo já não bicaste suficiente pão e um pouco de bolo deixado na mesa por um mais apressado? Não te ponhas a arrolar que na minha terra de dura gente quem canta assim é o galo e depois corre mal e vai parar a panela Olha que o pequeno pardal de tanto pipilar, saltar e voar tal como o Homem que trata da terra também precisa de se alimentar e o teu bando crruu crruu ao mesmo tempo mete respeito e afasta amedrontados o bando do pardal tal e qual como foi feito lá para os

Dia Mundial da Justiça Social

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Foto de Cody Pulliam na Unsplash  Hoje a Organização das Nações Unidas (ONU) assinala o Dia Mundial da Justiça Social com o mote de "Apesar dos avanços, são evidenciadas injustiças persistentes, insegurança laboral difundida, altos índices de desigualdade e desintegração dos contratos sociais, agravados pelas crises globais. Assim, o reforço de instituições e políticas que promovam a justiça social é tido como uma urgência." Quanto a mim, enquanto pessoa e autor é um dos temas com que me debato apaixonadamente, assim, associando a este dia, recordo aqui quatro poemas meus: 1. Trabalho Cansado do Doutor Amado",  https://blog-interioridades.blogspot.com/2022/09/trabalho-cansado-do-doutor-amado.html 2. Mundo Suspenso,  https://blog-interioridades.blogspot.com/2022/07/mundo-suspenso.html 3. Porra!,  https://blog-interioridades.blogspot.com/2022/07/porra.html 4. Corpo Cansado,  https://blog-interioridades.blogspot.com/2022/06/corpo-cansado.html Todos eles retratam, em minha

Linhas de Desejo©

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Foto: Nuno Laginhas© Tantas linhas que se cruzam entre nossas mãos, nossos corpos que definem contornos descrevem o toque da seda do fôlego suado, extasiado A silhueta contornada em linhas distintas do dia para a noite umas vezes repousam sobre a tela lentas no desejo com vontade de provocar outras são pinceladas com energia descontroladas pelo prazer, irrequietas Linhas a tinta de óleo cheias de brilho, com mestria longe de serem decalcadas de tão originais que são Linhas entrelaçadas, convictas com cores de Verão, alegres são linhas de pintura de uma paixão

Mãos Frias©

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Foto: Nuno Laginhas© Ainda de mãos frias o Inverno junto ao Mondego enregela e suas mãos entrelaçaram-se a hora de viajar aproximava-se só faltava um minuto  os dedos entrelaçados foram com força apertados queriam aquele minuto como se fosse mais um longo dia e o frio do Mondego afirmou esse momento em silêncio tremiam um minuto bastou para a hipotermia para enregelar o adeus nem já o abraço os aquecia hora de embarque as mãos, ainda geladas, separaram-se afastadas começa a chover o Inverno, junto ao Mondego, é assim cruel, distante, frio, cheio de lágrimas