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A mostrar mensagens de junho, 2022

Sonhar-te

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Photo by Benjamin Davies on Unsplash Permite-me estar Refrescar a mente Quando as noites são quentes Enquanto o corpo repousa Trazer o aconchego Da erva fresca sob a oliveira E sem imaginar Apontar Eis a constelação Que guarda e aguarda Todos os segredos Os encantos e desencantos Enquanto a mente refresca Se liberta Entre os ramos da oliveira E em mim sonhar-te Enquanto a noite ainda é quente E a mente não desaponta Acreditar Que cada estrela É o amor que não desvanece Nesta cama de erva fresca Encerrar os dias Elevá-los ao céu Para mais uma constelação surgir A intensidade Do teu corpo repousar Num sonho meu Sentir o teu calor Quando me tocaste E ao ouvido segredaste Desejo-te Então, permite-me... Sonhar-te

Um Beijo Lento

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Escultura de Auguste Rodin (1892) Dar um beijo um beijo lento com tempo o beijo que arrepia E mil beijos em ti exploradores quentes e lentos e o momento torna-se infinito Mil beijos não bastam no arrepio que reclama o toque a língua que desliza Sentir cada milímetro o teu relevo suado olhos fechados para descobrir Ouvir teus gemidos de calor dois corpos ajustados Abraçar afagar os cabelos escorridos teu corpo torcido Um grito um beijo lento e, por fim, o silêncio

Corpo Cansado

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Dias cansados pela solidão De sol a sol entalhado no corpo Esses dias só de enxada na mão Vem o interlúdio dos dias O descanso que encharca as veias Perde-se um beijo e um abraço Nem um desejo ou grito de prazer Tudo suspenso num pequeno espaço Uma só manta sobre o peito O sonho em veludo negro sem satisfazer Encerra no silêncio toda a perdida paixão Em longos e sinuosos caminhos percorridos Gravados em relevo nessa face ausente Ficam só as memórias de tempos idos E as mãos negras de quem vai carregar o caixão

Tocar o Céu

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Quero tocar o céu Sentir o azul do mar Entre os dedos meus Eu quero tocar no céu Lambuzar-me em algodão doce Como uma criança Pura em esperança Eu quero tocar o céu Sentir a suave brisa A refrescar o meu corpo Eu quero tocar o céu Voar e nadar com os anjos E rir, rir descomprometido Num festim de alimento e folia Eu quero tocar o céu Guardar o teu bem estar Estar por aí, por ti Acompanhar-te Eu quero tocar o céu Digo-o até ao infinito dos desejos A correr em minhas veias Comprar os sapatos celestiais E pôr-me a caminhar Percorrer todo o vale e subir a montanha Até tocar o céu

Festa na Aldeia

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Photo by Louis. K on Unsplash As comadres alcoviteiam no largo Saias negras e blusas beges Os compadres surram em bombos Fato domingueiro e bota engraxada É festa na aldeia O padre de sotaina engomada 33 botões de prata e outros 5 de ouro Vai louvar a santa em procissão É festa na aldeia Os foguetes malditos despertadores Jovens cansados de cerveja e traçadinho A filarmónica da freguesia ao lado Marca compasso lento ao andor pesado É festa na aldeia arrematação da chouriça e presunto Quem tem abre o cordão à bolsa Canta o organista alegrado Homens no bar e mulheres a bailar É a festa na aldeia

Nunca...

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É uma concha vazia Abandonada É a despedida indesejada A recusa sem aventura É uma forte mentira Sem saida do abismo É a rápida escapatória O engano de quem não se convence Que nunca em nunca há verdade acente

Escrita a seu Tempo

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A escrita é lenta Demora o seu tempo Em encontrar entusiasmo Num fio de sentimento Outras vezes distrai-se No encanto Do ondular do mar Dos sonhos imensos Mas também é esquecida No pensamento  De um delicado abraço E de um sorriso teu

(Re)Encontro, Na Esplanada

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A Primavera sempre vem (é uma verdade comum) mesmo que uma árvore decida hibernar e não mais voltar haverá sempre uma flor a seu lado a florir como se dissesse entre as suas rosadas pétalas "A vida é para ser a sorrir". E nesta verdade tão comum esta máxima que alimenta toda a esperança ele decidiu que era tempo de avançar começou a caminhar Embora todo o seu ser tremia para a (re)conhecer. Ele sabia "Que mulher bonita, genuína alegria", abismado no sorriso florido dela pensou "esta é a minha primavera". E não quis só um café ou dois dedos de banal conversa Quis perpetuar por horas inacabadas em ela, a sua alegria. Desejou acabar com o Outono e o Inverno, não voltar a vaguear entre a chuva e o frio Só abraçar e cuidar essa flor que ao lado dele floriu.

Um Café, Na Esplanada

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Era só um café, naquela manhã. Nem frio, nem calor, era a Primavera nesse dia trazida pelo suave canto da cotovia. Se fosse algo mais, ele não teria ido,  este convite não teria existido. Há tantos recantos onde se podia refugiar sem ter que lhe dizer: "Tão bom que é te amar". Era só um café, distraído por um cigarro e riso inquieto, não mais do que isso, que isso bastava. Foi nisso que se convenceu, que a razão ditava: o forçado sossego artificial. Essa manhã, só por breve instante, olhar, que era só contemplar o sorriso, dela a felicidade em voo de liberdade. Para ele, percurso penoso, aflito, feito num instante empurrado pelo coração: "Se for já, é só um café, e não me prendo em ilusão". Dois beijos e um olá, tão fácil que ia ser. Acender um cigarro: "Tudo bem? Que bom te ver". Depois? Seria só estar. E o sorriso dela, a luz naquela Primavera, acabou por confessar: "Até um dia, adeus".

Um Dia, Na Esplanada

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"Nunca mais te falarei!" Disse - ele - todo convencido em certeza fácil, entre um refresco e a sombra agradável numa esplanada à beira do rio. Parecia - a ele - um discurso ágil, adequado ao calor sentido e o momento inevitável, a facilidade dessas três palavras tão simples e imediatas da mensagem que não podiam resultar em engano. Estava - ele - convencido que tinha essa blindagem. Cedo apercebeu-se, a bebida aqueceu e a ausência, prematura, do calor, esse discurso ágil era mentira indesejada, arrastada, da esplanada, pelo rio em corrente. Quando - ele - da sua ausência se fez sentir e que a razão no engano o fez cair, nunca mais voltou à esplanada, nem a esse rio. Para evitar ouvir: "Nunca mais te falarei".

Abstinência [Morte]

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Certo dia acordei cego - Grito! De louvor a esta dádiva. Se não vejo, não sinto, e deixo-me estar sem ambicionar que ver é viver. Quando de motivos já não abraço e permito-me agora ao descanso de tanto que quis em velha vida Até agora. Que me embriaguei com tanta paixão. Assolam os tremores de abstinência. São todas as dores de terrível ausência. A privação! Ver é sentir e eu que tanto quero, esse sorriso sentido, mas... Estas forças já esgotadas. Quero ir, deitar e descansar, Apagar! Onde sei que já não posso estar.

De[]Pressão

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No vácuo do pensamento em nós Atados laços emaranhados Essas horas áridas em deserto sem oásis Na exaustão do caminho entre dunas enormes Perdidos em desencontros dos nossos dias Desenham-se ilusões em grãos de areia E perdem-se promessas entoadas Fica a sede por saciar Em passos cada vez mais pesados