Corpo Cansado



Dias cansados pela solidão
De sol a sol entalhado no corpo
Esses dias só de enxada na mão
Vem o interlúdio dos dias
O descanso que encharca as veias

Perde-se um beijo e um abraço
Nem um desejo ou grito de prazer
Tudo suspenso num pequeno espaço
Uma só manta sobre o peito
O sonho em veludo negro sem satisfazer

Encerra no silêncio toda a perdida paixão
Em longos e sinuosos caminhos percorridos
Gravados em relevo nessa face ausente
Ficam só as memórias de tempos idos
E as mãos negras de quem vai carregar o caixão

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