Um Café, Na Esplanada



Era só um café, naquela manhã.
Nem frio, nem calor,
era a Primavera nesse dia
trazida pelo suave canto da cotovia.
Se fosse algo mais, ele não teria ido, 
este convite não teria existido.
Há tantos recantos onde se podia refugiar
sem ter que lhe dizer:
"Tão bom que é te amar".
Era só um café, distraído
por um cigarro e riso inquieto,
não mais do que isso, que isso bastava.
Foi nisso que se convenceu,
que a razão ditava:
o forçado sossego artificial.
Essa manhã, só por breve instante, olhar,
que era só contemplar o sorriso,
dela a felicidade em voo de liberdade.
Para ele, percurso penoso, aflito,
feito num instante
empurrado pelo coração:
"Se for já, é só um café, e não me prendo em ilusão".
Dois beijos e um olá, tão fácil que ia ser.
Acender um cigarro: "Tudo bem? Que bom te ver".
Depois? Seria só estar.
E o sorriso dela, a luz naquela Primavera,
acabou por confessar:
"Até um dia, adeus".

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