A Vida num Banco de Jardim©

©Nuno Laginhas

Num banco de jardim
enquanto o frio ainda estava no hemisfério sul
fui habitando
paredes caiadas, outras pintadas
outras de pedra e musgo
o tecto de dois tons, azul céu de manhã
azul escuro pintalgado de luz pela noitinha
e fui morando
numa rua de tantos vizinhos
diga-se de passagem, sisudos
sempre apressados para o trabalho
para o jantar, com algum familiar
ou um convívio mais animado
ao meu jantar estou sempre acompanhado
são convidados vestidos de verde e castanho
às vezes solto um sorriso,
parece Carnaval, um baile de máscaras
mas cada um alimenta-se do que tem
com nutrientes dissolvidos em copo com água
eu, com o que sobra da refeição anterior
e deito-me, deixo-me embalar
nos ritmos compassados
da percussão que vai passando
de manhã desperto com música assobiada
alegre, mais um dia para estar
é o meu banco de jardim
umas vezes sozinho
outras acompanhado de quem vai
até outro lugar, à procura de um jardim

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