O Homem que não chora
Foto de Lukas Rychvalsky na Unsplash Numa noite fria daquelas que já não dá para caçar, entre nuvens, as lebres que olhos sonham em que as estrelas é que informam se é noite a coberto Ficou sentado sobre o rio numa ponte em ruína onde não passa alguém um corpo vazio a boiar em caminho para o mar sozinho, o sorriso desvanecia esperando ver outros que vivem mais além Ouve-se o ruído do arreganhado de um cão animal acorrentado tentando assustar a Ceifeira essa criatura de negro que corta a amarra e perde-se o barco no rio turbilhão Foi vida malandra quando trabalhava só colhia parra agora, silêncio! Que nestes montes já não habita ninguém Aproxima-se a foz nesta hora buzinadelas e algazarras descansam e o Homem continua só frio e inchado sabe agora, mesmo que o chamem, que tudo está terminado Nem a noite que sempre perde para o dia...