Breve Carta de Despedida
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Estou aqui, a olhar a terra
- É tudo isto que tenho para amanhar.
Entretanto, deixo-me levar
pelo som do chilrear
na companhia de uma suave brisa.
Toda esta terra vai ser trabalhada
por mim, mas agora já não,
que já estou a viajar,
levado pela brisa, eis-me a pairar.
Algum dia tinha que ser.
Deixo por cá quem me quis entender
e um dia, esta suave brisa,
neste Novembro que amanhã faz chover
Vai-te envolver.
E também tu farás esta viagem.
Mas não é preciso vires já.
Ainda tens terra para amanhar
e alguém vai ter que a trabalhar.
- Vá, pega na enxada!
Esta terra sozinha não fica cavada,
tens as batatas, as cebolas e as favas
- Porra! Leva o rego a direito.
- É assim mesmo.
Tudo o que semeares vai nascer,
alimentarás a tua família
como eu sempre fiz.
Por agora é tudo.
Sempre que esta terra pisares
vais-me sempre encontrar.
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