Amargura



Lágrimas que escorrem entre rugas,
esculpidas nas escarpas dos dias,
são elas as cascatas em Inverno.
A intransigência de uma desilusão
anotada a tinta permanente neste caderno.

A gazela que foge afoita do leão,
em corrida desenfreada de sobrevivência,
nesta savana extensa e estéril
tão longa que não acalma a existência.

Uma cotovia no topo de uma árvore.
de tantos voos e cantos entoados
nas manhãs quentes e alegres,
por fim cai, entre ramos escorre,
e os que reparam são tão poucos.

No fim o que fica registado no palato,
o forte sabor severo de um limão
sem um adocicado estrato
de uma paixão. 

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