Vento de Outono
Imagem gerada por AI |
Neste curto espaço que é o tempo
umas vezes frio, em poucas ocasiões quente
as folhas de Outono desencantam-se
depois de um Verão de promessas de cores garridas
Abandonam que as viu nascer e as fizeram crescer
O vento sopra-lhes novas aventuras
ou epopeias até ainda não vividas
Vai insistindo em suaves palavras
Se não as convence naquele instante do primeiro sussurro
irrita-se! Sopra-lhes fortes impropérios
Tem um único objectivo, de as fazer abandonar
a casa que as viu nascer
Umas, de desencanto sofrido, aventuram-se
e nesse imediato encantam-se
nas doces traiçoeiras palavras do vento
Não voltam, desaparecem
As outras, que pouco desencanto sentiram, ou de pequenas expectativas
agarram-se com a força que vem do medo
e nem o vento vituperioso as arranca da mãe
Afirma o vento, em última tentativa para as convencer,
"está a acabar o vosso tempo, têm que sair!
Ou com a vossa mãe vão morrer"
Umas, sem notícias das que desapareceram, são convencidas
e com o vento dançam até ao canto de um canteiro abandonado
As outras aguentam até ao inverno
junto de quem as viu nascer
para nesse tempo que está sem espaço, terminado,
agarradas à mãe para juntas morrerem.
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