Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2022

Distracção

Imagem
Photo by brunetto ziosi on Unsplash Existem muros em nosso reino No instante de um só assalto São facilmente transpostos Fortificações de ameias desprotegidas Distraídas em actos de alegoria

O pião que não pára de girar

Imagem
Photo by giovanni cordioli on Unsplash Quando pião gira desenha um mundo Descreve na sua dança o relevo da serra O desenfreado movimento citadino Numa praça da aldeia Junta petiz e graúdo Na sua dança há quem assista E outro que o lança Vai o graúdo que o tenta apanhar O rebelde girador Foge o malandro, redopiador Apanhar é que não te apanho  És livre e desafiador Volta a rodar e a dançar  E um dia vou-te agarrar

Frio

Imagem
Ruas, vielas, becos cantos e recantos da cidade Sem gritaria divertida Espaços frios, abandonados Os beirais desabitados De floreiras esbatidas Vazias, retratam o cinzento dos dias O colorido perdido, cimentado estanque, aquele frio jardim Observa-se o banco vazio, sem alma ou sobressalto de uma algazarra A calçada encharcada, alagada Estão, agora, árvores desprotegidas despidas, intimidadas pelo frio dos dias e do desprezo quem já não as mira

A Jornada

Imagem
Photo by Mukuko Studio on Unsplash Nesta cerrada neblina matinal Que esconde o meu vale Antigos dizem que na Primavera é normal Perdi-me a ver de ti Em passo desorientado de trilhos Caminhos enviesados Perdi-me, assim sem te ver E quando tudo seria próximo Foi no desejo que me perdi Ao pé do Rio que desagua no Atlântico frio Como fosse esta a grandeza dos dias Sentia, que esse oceano era sítio de acalmia O desaire de sonhos perdidos No compasso dos dias, em longo percurso  Sigo ao lado, desorientado, em caminho talhado Empurrado pela brisa do norte A fugir desta neblina matinal Em raio de sol que a vem rasgar E foi no desejo que me perdi Quando tudo era estar perto de ti (© Todos os direitos reservados)

Flôr

Imagem
Flôr não é dor É alegria, é cor É desejo de agradar Respeitar e amar Flôr não é morte Não tem que estar em lápide Pedra fria de mármore Que morrerá um dia Sem alegrar ou sossegar A forte dor de uma ausência Flôr é Vida Celebração É um beijo apertado Sentido Um sorriso instantâneo (© Todos os direitos reservados)  

Não tenhas Pressa

Imagem
Photo by Nathan McBride on Unsplash Tanta pressa Para seres Procurares e entenderes A urgência de crescer Ultrapassares De vencer Recusar a inocência De tanto olhar Esse distante´ Disperso horizonte Tanta pressa Que te aleija Desajeita a alegria Sem ver a vida Que tem contornos de diamantes e safira Tanta pressa Que devia ser em Pausa e veres Que és linda, fabulosa Uma alegre criança

O Meu Jardim

Imagem
Picture by Isabel, 11 anos  -  " A árvore que ilumina a noite" Neste espaço que a largo passo Caminho Sacho Tem muito do meu trabalho Sentado fico e em mim crio Um jardim de uma só árvore e canteiros de jasmim Aqui, aguardo a luminosidade De ti Em suaves brisas zumbaria de abelha Em mim desperta mais um canteiro Lírios e rosas Jardim, que foi só meu Iludido com todo o jasmim rosas e lírios Só para mim (© Todos os direitos reservados)

Quando Será Tempo

Imagem
Autorretrato: Aguardo o tempo É dissonante o tempo perdido num olhar do horizonte Aquele em que aguardo Pelo tempo menos distante É tempo de forma alterada o que aguarda em mim Quando será tempo sem fim deste tempo de estar sem ti (© Todos os direitos reservados)

As Ondas da Praia

Imagem
No desassossego dos dias Do turbilhão das palavras E dos gestos Repouso no vasto de uma visão Do ondular ao retorno De constante movimento Sem o ruído da multidão Desespero no sossego de voltar Aos passos calmos Sem ser já necessário olhar Por um abraço Sentei-me E observei que sempre Regressa Ao ponto de partida Renovada Devolvendo a mensagem Que se paro, tudo pára E se daqui não vejo Tão pouco posso esperar Que algum dia Tenha alguém para amar (© Todos os direitos reservados)

Sonho

Imagem
À janela pouco se descobre Mesmo que afirmem convencidos Desconfiem Só se sonha, sonho pequeno  É na viagem que se descobre  As estórias, aventuras, alegrias  Onde o sonho deixa de existir  Para se afirmar Esse sim Empurra-nos para ver Sentir Desenvolver Por tal, existem caminhos Tantas alternativas  Que da janela só sonhamos E não descobrimos Nas curvas contra curvas Que se vai avançando  Até um novo dia  Que traga, esse sim Com o sonho Novos caminhos

A Razão [...]

Imagem
Photo by Javier Allegue Barros on Unsplash Se tiver que definir a razão, prefiro então colori-la do que gastar lápis a descrevê-la. Não por ser difícil ou fácil, só porque me deixaria mais alegre, distraído da dificuldade que é entender se tenho razão. Em sete lápis pegaria, sete cores alegres, divertidas. Com o primeiro definia o início e, em arco, marcaria o fim. Os outros todos acompanhariam Juntinhos, em arco, do início até ao fim. Assim, num ápice, pintava o arco-íris. Daqui para lá e de lá para cá. Estranho, que uma e outra vez olhava, já sem perceber porque só via o princípio e seu fim sem nunca o conseguir alcançar. Diz-me, então, a Razão, por fim, em segredo: - Não desistas de procurar e um dia, sem esperares, o meu princípio vais encontrar. (© Todos os direitos reservados)

O Rasgo do Revoltado

Imagem
Photo by Nsey Benajah on Unsplash Ignóbil espaço apertado Escuro, medonho Irado Pasme-se, tristonho Ansioso De ácido nos seu veios Que queima Transforma o sossego Em ímpeto de rasgo Grito de libertinagem Na explosão atómica Devastadora Como mão de Deus Em purificar a alarvidade Oportunista Essas falsas preces De quem só se curva Quando o santo passa Do silêncio Ao ruído ensurdecedor Esguicho  de veneno Alterado Teimoso e revoltado Em estrondoso movimento No espaço apertado Na tóxica atmosfera Se perde No quotidiano dos dias Inspira Expira Em ritmo viciante Sem alcançar a venda De visão tão turva É em diversos sentido O disparo da arma Descontrolo Do rasgo desmedido Em grito Perdido tarde no tempo (© Todos os direitos reservados)