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A mostrar mensagens de janeiro, 2022

O Candidato Eleitoral

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Onde vive foram mil E dali ao lado outros tantos hão-de vir Estas estradas são para se fazer e novas pontes construir Não pode faltar o abraço ou um copo escarrapichado No aperto que todos contam Não quer ficar isolado Dá mais um passo e mais um abraço Uma conversa convencida e depois uma palestra de vivas enaltecida Assim vai caminhando Invicto que vai ganhar depois de todos contactar O lugar de senado Ficando o resto do tempo descansado

Breve Carta de Despedida

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Photo by Ak Ka on Unsplash Estou aqui, a olhar a terra - É tudo isto que tenho para amanhar. Entretanto, deixo-me levar pelo som do chilrear na companhia de uma suave brisa. Toda esta terra vai ser trabalhada por mim, mas agora já não, que já estou a viajar, levado pela brisa, eis-me a pairar. Algum dia tinha que ser. Deixo por cá quem me quis entender e um dia, esta suave brisa, neste Novembro que amanhã faz chover Vai-te envolver. E também tu farás esta viagem. Mas não é preciso vires já. Ainda tens terra para amanhar e alguém vai ter que a trabalhar. - Vá, pega na enxada! Esta terra sozinha não fica cavada, tens as batatas, as cebolas e as favas - Porra! Leva o rego a direito. - É assim mesmo. Tudo o que semeares vai nascer, alimentarás a tua família como eu sempre fiz. Por agora é tudo. Sempre que esta terra pisares vais-me sempre encontrar.

Noutro Tempo

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Photo by Jr Korpa on Unsplash São noites, às vezes, umas atrás de outras que sonho contigo, em dias de outros tempos,  o fulgor de momentos. Em outros tempos que pouco viaja, bastava o encanto do horizonte que a minha vista alcançava. O sonho ali ficava na certeza da tua presença,  limpo e calmo como se fosse desenhado a esquadro. Foi em outros tempos que agora são memórias em visita nos meus sonhos, que infligem importunar o caminho que tenho para andar. São noites, na certeza de novos dias, mas sem nunca esquecer que outros tempos são agora novos tempos de viver. 

Alius

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Picture by Sophia Wild,  Resiliência entre Mundos Caiu! E caído ali ficou. O Alius , tão só, no meio da multidão, caído, pobre Objecto descartado no meio de tantos nós. E queremos nós lá saber! Não é nosso pai, filho ou irmão E ali está, caído, só! Corpo supérfluo, mutilado, pisado e no meio da multidão desses que o rodeamos não nos sacrificamos, não o ajudamos, deixámo-lo caído, só! E se um dia assim cairmos? Será que nos lembramos  do Alius caído, só!

Cada Verso que Escrevo

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Cada linha em verso por mim outorgado é vazio de endereço,  não tem dia nem hora.  É espanto de momento,  sem bela melodia,  engana a preguiça  de vaidade controversa.  Não conta história  ou aventura,  mas é algo artolas.  Disfarça a luxúria  em suave sentimento.  Não tem arte,  Nem constrangimento.  É verso banal de paixão e desgosto.  Não é moral.  É algo sepulcral.  É assim tão só,  simples, natural. 

Carvão

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Mexer no carvão faz-me perder a claridade,  a limpeza da minha mão.  É como alma amanhecida que um dia, em Inverno,  Ficou triste, escurecida Por mais palavras que desenhe ou rimas procure,  a tormenta mais acentua em comoção aflitiva na expectativa impaciente de procurar a torneira e enxaguar a mão do negro ambiente.  É como a alma lavar,  em despertar de sentidos,  de nova aventura e esperança na palavra conjugar. 

Aldeia Inveja

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Photo by Andrew Medhat on Unsplash Povoada de pedras, rocha e monte de vale produtor abundante Rasgada por rio de efeito calmante Aqui a vida não corre de tão curto horizonte Vigiada por almas de ser opaco De negro verborreiam no nosso meio Aguarda o aclamado visceral declínio De quem se atreve a melhorar o destino Sem alterar banalidade de rotina vã Não há quem viva, há só quem assista Pasmado, parado, a coberto da vista Por prazeres alheios, para depois conversar no divã Povoada de tão pouca ambição própria Inveja o verde abundante Do vale tolhido e trabalhado de gente pujante Como aves negras que bicam alheia euforia Com pedras e rochas não constroem Escolhem um alvo e destroem  

Tremer... Ver-te

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Photo by Sven Mieke on Unsplash É esse teu olhar em ocaso de encontro que provoca forte vibrar no coração embriaga a voz que a faz engasgar e provoca um aceso forte tremor Esta é a realidade que atormenta. Será mais simples ver-te em sonho e ser como herói de capa esvoaçante controlar o meu olhar O sonho é que acalenta. Embora seja realidade efémera até ao despertador renuncio Só para ficar a sonhar Nesse encontro de desejo arrebatador 

A Palavra, tão importante, tão forte

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Autoria: Isabel, 11 anos O que é que assusta na palavra? Que silencia nossa gente, com medo da ira bloqueia toda a mente. Haverá palavra temida, que afugenta a espontaneidade, a autenticidade da personalidade que faça toda a ideia detida? Terá a palavra a força de cajado, na razão de um primado que nega a liberdade, ceifa a nossa vontade? Nunca será demais questionar A razão desta falsa castidade com fraco esforço quer acabar a nossa, tão cara, integridade. A palavra, agora e sempre deve ser candeia de liberdade em estar à frente para soltar a nossa mente.

Manhã de Domingo

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Photo by David Mao on Unsplash Existem manhãs serenas Gratificantes Maravilhosas São as manhãs de Domingo Sossegadas Como rio em manhã de Primavera Que aguardam, Com ternura Um doce suave beijo Sem pressa de uma saída Como num vale florido Ver, Ouvir, Sentir o pulsar da carícia Espontânea, Inspirada em Aurora e Vénus De despertar Intensos desejos

A Muralha... Minha

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Photo by Yoal Desurmont on Unsplash Habito em lugar amuralhado Velho, antigo, conservado, de futuro marcado a lento passo, com ruas e vielas de pouco espaço Em montras manequins de madeira de expressão solene reticente Não falam e nada têm em mente, há espera de que abram a algibeira Carreiros feitos de isento arraial sem atrever de agredir o silêncio na magnânima esfinge divinal em receio lampeiro para não acender pavio Lugar imaleável, isolado de quem esqueceu que corre o rio e avistar o que vai além do compadrio se fixa em café de paleio melado É lugar curto e amuralhado com tanto sentimento apertado Este espaço gravado de granito onde eu habito

Sem Musa... Não sou Poeta!

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Photo by Noah Silliman on Unsplash Eis-me aqui Assim Sim, sentado Neste canto, parado sem encanto. Presumido em poeta Nem criatividade tenho e de pouca etiqueta, a arte não obtenho. Desespero, em fogo sentido! À espera de diálogo para resolver o que arde em mim por musa não ter. Sem encanto, sou acanhado sem sucesso. Em espiral infinita, onde tudo reinicia. O receio de nova fantasia. Como tal, acção não tenho musa não procuro. Retenho o silêncio sepulcral. Seguro, no conforto, sem risco, longe de ti, absorto.

O Prazer de Dois Corpos

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Photo by Richard Jaimes on Unsplash   As palavras mudas de gemidos soltos ecoam no silêncio da noite num quarto aquecido de dois corpos em cumplicidade do mágico toque Dois corpos, um desejo, um beijo O toque transformado em gemido Olhar lascivo, em silêncio tremido Soltam o aprisionado desejo Um perfume de colónia sensual corporal inebria os sentidos de dois corpos explorados num toque floral Não é preciso mais que um beijo, um silêncio O comprometido desejo  

Um Amante... Na Cidade

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Paint by Isabel (11 years) Há um novo amante na cidade Pessoa sem rosto, uma divindade Corpo de sedução dormente, que sonha e ama permanentemente É caminhante errante, distinto no meio de tanta gente Vive momentos de ardor o amante que não apressa o ritmo, nem se assusta com o caminho Não anseia pela paixão sem amor Sabe que não está sozinho Cada olhar é o toque de Midas É a ternura de um suave dia e uma noite de ardente carinho O amante na cidade tem o seu mundo Ninguém o vê, mas todos o sentem Tal pessoa de sentimento fecundo

Onde me Deito

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Photo by Hans Eiskonen on Unsplash Fica frio este espaço sem luz, como qualquer outra noite anterior Nem um abraço de um cobertor aquece a tamanha ausência ou seduz Neste leito que me deito: Imenso, frio e sombrio É pedra granítica de relevo imperfeito tão diferente do aconchego tecido a fio A noite torna-se conversadora e inquieta, mas não aconselha, nem alerta Fico parado neste leito de desassossego A aguardar o abraço de aconchego

[Quero] Escrever [E] Não [Sei]

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Photo by Marcos Paulo Prado on Unsplash Quero escrever e não consigo Não sai uma palavra, nem símbolo Sinto-me tão apertado neste labirinto Com caneta e papel à minha frente mas não penso e nem faço rabisco A saída deve existir algures E a única coisa que encontro é um espelho Que me prende num reflexo estonteante Não sei se será medo ou vontade de esconder ausentar do do reflexo e começar a escrever Se estou vivo, existo, porque insisto na ilusão, no colorido momento de inspiração? Porque quero escrever e não consigo Não sai uma palavra ou símbolo, Nem desejo de ter amor comigo É sombrio e frio este reflexo de vidro Frágil mas intenso e imenso no vício Que aperta todo o meu ser me impede de criar e escrever Talvez agora possa não ter Aguardarei para recuperar a força Voltar a ter a ilusão e escrever